A espera acabou. Espanha redesenha sua rota energética com uma nova estratégia.
Após três anos da última atualização, o governo deu um salto no documento que define as metas de expansão para 2030 de energia solar, eólica e outras fontes limpas.
Neste ponto, o Ministério para a Transição Ecológica e o Desafio Demográfico (MITECO) tomou a dianteira e apresentou uma ambiciosa revisão do Plano Nacional Integrado de Energia e Clima (PNIEC).
De acordo com as novas cifras, espera-se que até o final da década atual, as energias renováveis representem 81% do consumo elétrico, superando em 7 pontos percentuais os 74% refletidos no anterior PNIEC.
Em outras palavras, a bússola indica que é preciso acelerar a adoção de energias renováveis para levar a dependência energética do país à ambiciosa marca de 51%. O resultado esperado será uma economia de 90,7 bilhões de euros em importações nos próximos 10 anos.
Segundo fontes do MITECO, o foco está alinhado com os desafios surgidos na União Europeia devido ao contexto geopolítico resultante da guerra na Ucrânia.
A aplicação da fórmula busca evitar situações semelhantes às que surgiram após o corte no fornecimento de gás pela Rússia.
Em outras palavras, dos 213 gigawatts de potência instalada previstos no plano, espera-se que 166,2 provenham de fontes renováveis.
E não só isso, o rascunho estabelece outros objetivos de transição energética.
Por exemplo, o compromisso da Espanha com a descarbonização e a meta de redução de gases de efeito estufa para 32% até 2030.
O impacto econômico é outra faceta brilhante do renovado Plano Nacional de Energia e Clima.
Foi mencionado no âmbito governamental que o PIB aumentaria em 34,7 bilhões de euros em 2030, o que, por sua vez, se traduziria em um aumento de mais de 522.000 empregos para o mesmo ano.
Além das vantagens econômicas, a projeção também revela melhorias significativas na qualidade do ar e, consequentemente, na saúde pública.
Os números garantem que será possível reduzir o número de mortes prematuras de 11.952 registradas em 2019 (segundo dados da Organização Mundial da Saúde) para 6.067 até 2030.
Mais investimento e menos burocracia
Mas nem tudo é um mar de rosas. Para alcançar os objetivos, é necessário um investimento total de 294 bilhões de euros, com 85% provenientes do setor privado e 15% do público, incluindo 11% de fundos europeus.
Não é segredo que, nos últimos anos, houve um sólido crescimento global no setor de energias renováveis.
No entanto, o cenário tem chamado a atenção para uma realidade silenciosa.
Trata-se da importância de agilizar e simplificar os processos administrativos associados à concessão de autorizações para a instalação e operação de projetos renováveis, historicamente conhecidos por sua complexidade.
Mesmo assim, os promotores muitas vezes se deparam com barreiras administrativas desanimadoras.
A apresentação de pedidos, a coleta de documentação, a avaliação de impacto ambiental e a obtenção de licenças podem se estender por meses ou até anos. O resultado? Maior incerteza e aumento dos custos para os investidores.
Neste sentido, tanto o setor renovável quanto as diferentes administrações públicas reconheceram a necessidade de modernizar e digitalizar esses processos.
A implementação de tecnologias até agora é a primeira opção para oferecer soluções eficientes que ajudem a acelerar a concessão de autorizações, ao mesmo tempo em que garantem o cumprimento dos requisitos legais e ambientais solicitados.
Isso não apenas agiliza o processo, mas também reduz os erros que ocorrem nos pedidos em papel, diminui a taxa de revisões extras e aumenta a transparência ou o acesso à informação.
Com essa nova aposta, a Espanha deseja liderar a transição ecológica na Europa e contribuir para a luta contra a mudança climática. Conseguirá alcançá-lo?